7.5.11

Artigo 20 - Vidas passadas

            Ao entrar em contato com outras dimensões, constatei por mim mesmo a sobrevivência do espírito à morte física. E também outra questão importante relativa a nossa odisséia existencial que é a volta ao corpo físico mais comumente chamada de reencarnação.
            Para a maioria da população do planeta, a sobrevivência à morte física não é uma questão controversa, contudo a reencarnação é.
            Para mim já foi e não é mais, porque tive a oportunidade de constatar pessoalmente sua existência, algumas vezes, estando em outras dimensões.
            Para as pessoas que tiveram experiências semelhantes também não é novidade. Para pessoas que não passaram por essas experiências resta acreditar ou não no testemunho daqueles que afirmam que a reencarnação é um processo real.
            O que pode auxiliar no discernimento sobre esse tema é uma reflexão, levando-se em conta as diversas concepções sobre a vida após a morte do corpo físico.
            Fiz as três coisas e gostaria de compartilhar minha experiência.
            Quando era garoto, ouvia falar da reencarnação e achava uma idéia interessante que valorizava muito a vida terrena, mas como minha educação religiosa era católica essa idéia era combatida e, na juventude, já acreditava tínhamos uma só vida e nela seria determinado nosso destino, ou o céu ou o inferno. Contudo sentia uma tristeza muito grande com a existência do processo e considerava injusto, mas os padres incutiam em minha mente um complexo de culpa enorme quando duvidasse das “coisas de Deus” então procurava afastar de minha mente essas idéias “perturbadoras” que pudesse me afastar da fé e conseqüentemente do céu. Na realidade eu tinha mesmo era “medo”. E esse medo foi cultivado ano após ano de doutrinamento católico.
            Contudo havia muitos relatos de pessoas que por psicofonia ou psicografia ou outro tipo de mediunidade atestavam que o espírito voltava várias vezes. Os testemunhos estavam disponíveis em inúmeros livros escritos por pessoas que demonstravam a maior credibilidade. O que me angustiava. Quem estava com a razão?
            Certa vez, em uma reunião em minha paróquia, estudava a passagem do Evangelho em que Jesus leva seus discípulos, Pedro, Tiago e João ao monte Tabor e lá, se transfigura em um corpo de luz, e a seu lado aparecem Moisés e Elias. Ao final do encontro os discípulos ficam sabendo que Elias havia reencarnado como João Batista. Perguntamos sobre a reencarnação ao padre e ele disse que essa era a única reencarnação que ele acreditava porque estava na Bíblia.
            Não insisti na discussão, mas ficou uma dúvida: se existiu uma reencarnação especial, porque não pode haver outras também especiais? Se Deus utilizou esse processo em João Batista poderia ter utilizado com outros espíritos. O “modos operandi” estava estabelecido. E se aquele episódio não fosse exceção? E se fosse regra? 
            Para mim, sempre foi muito difícil dialogar com os padres porque os dogmas estabelecidos Igreja não permitem que eles tenham opinião própria e questões que fogem à lógica são atribuídas ao “mistério” das coisas de Deus.
            Com o tempo fui me afastando da Igreja por considerar um ambiente pobre em reflexão. Sentia minha mente vazia sem poder discernir sobre a espiritualidade.
            Afastado da Igreja senti-me já mais próximo de meu eixo e livre para refletir.
            Após muita leitura, pesquisa e diálogo com outras pessoas, passei a compreender e aceitar a reencarnação como regra e não como exceção no caso de Elias que reencarnara em João Batista.
Deus determina missões de acordo com a capacidade de cada espírito. A João foi dada a tarefa de ser precursor de Jesus, pela suas muitas encarnações e pelo grau de iluminação que atingira.
            Jesus revelou essa reencarnação especifica, porque havia entre os judeus, uma profecia sobre a volta de Elias antes do Messias, essa volta atestaria que, ele, Jesus era o Messias. Se não houvesse a profecia Jesus não falaria sobre a reencarnação porque se o tema é controverso ainda hoje, imaginem há dois mil anos.
É perfeitamente compreensível que Jesus não quisesse tocar na reencarnação naquela época, porque o tema é complexo, com muitos meandros e para entender o processo, é necessário um nível de consciência e compreensão bastante apurado. Há 2000 anos não seria possível.
Jesus se concentrou naquilo que os profetas já vinham propondo, ou seja; amor a Deus e ao próximo, caridade, perdão e tolerância.
            Certa vez assisti um documentário na TV, onde um padre católico, norte americano, defendia a existência da reencarnação. Ele chegou a esta conclusão, depois de estudar profundamente os textos Bíblicos. Ele afirmou que só entendeu escrituras plenamente depois que passou a considerar a existência da reencarnação. Falou sobre isto na missa, e os fiéis ficaram chocados. Nunca mais falou sobre o assunto, alegando ter sido a pior experiência de sua vida.
Hoje estou alinhado com aqueles que compreendem que, por sermos eternos, uma vida de em média 70 anos, no plano físico seria muito pouco para determinar nosso destino. Fica muito difícil crer que um Deus de amor desse poucas chances de desenvolvimento ao espírito. Nós sempre procuramos recuperar alunos atrasados nos estudos, ou funcionários de uma empresa ou nossos filhos, se forem drogados ou cooptados ao crime, sofreremos, mas não desistimos em recuperá-los, até aos assassinos damos essa chance. Porque Deus não faria o mesmo, ou melhor? Onde está a lógica do crescimento espiritual acabar com a morte física?
            A teologia adotada pelas igrejas tradicionais cristãs não considera a reencarnação, porque acredita que o Universo tem aproximadamente sete mil anos e foi criado da forma como está descrita no Gênesis, em seis dias. Que as primeiras pessoas foram Adão e Eva e ao pecarem perderam o paraíso, ficando para nós, filhos desse casal, a herança do desterro. Nasceríamos filhos do pecado e teríamos somente algumas décadas para nos recuperar e retornar ao paraíso.
Se a história de Adão e Eva fosse verdadeira e não um mito, poderia se justificar a existência de uma só vida nesse pequeno espaço de tempo, mas mesmo assim as pessoas deveriam nascer em igualdade de condições para se desenvolver, o que nem isso acontece.
Como nosso Universo tem mais de 14 bilhões de anos, a Terra 4 bilhões e nós, seres humanos, algumas dezenas de milhares de anos, não seria lógico um plano de existência onde haveria um julgamento igual para todos, tanto para quem viveu há 50 mil anos, quanto para quem vive atualmente. A lógica aponta para uma evolução do corpo físico, acompanhada de uma evolução do espírito.
A reencarnação é um processo lógico para que possamos nos desenvolver sem que haja nenhum castigo.
Algumas passagens do Evangelho sugerem a existência da reencarnação, mas aqueles que são contra, interpretam com outro significado, contudo essas explicações sempre são falhas e fogem a lógica.
            Jesus, ao ser inquirido pelo sacerdote Nicodemus, sobre as coisas do “Reino dos Céus”, ouviu a seguinte resposta:

... Eu vos falo das coisas da Terra e não entendem. Que diriam então se eu vos falasse das coisas dos céus, com certeza se escandalizariam.

            Mesmo assim, na mesma passagem Jesus diz:

Não te admires de eu te haver dito: É necessário que vós sejais gerados de novo.

E faz uma analogia com o vento que agita as árvores.

...Não se sabe de onde o vento vem, nem para onde vai. Assim é o renascimento do espírito.
           
Um só é o vento e várias são as árvores. Um só é o espírito e vários são os corpos.
            O fato das igrejas cristãs não aceitarem a reencarnação vem criando um certo incômodo, porque a humanidade desenvolve a consciência e percebe que Deus jamais criaria uma alma para que ela corresse o risco de ir para o inferno eterno.
            Alguns teólogos protestantes, já não mais afirmam que a alma terá castigo eterno, mas que simplesmente deixarão de existir. Os teólogos católicos silenciam sobre o assunto, por não encontrarem uma resposta. Procuram então debruçar seus estudos, somente sobre os caminhos que conduzam a alma à salvação e esquecer o inferno.
            Vamos fazer um exercício; vamos imaginar tal quadro; bilhões de almas sofrendo eternamente e Deus ouvindo seu desespero, sem dar nova chance a eles. Se você fosse Deus você daria? Se você der, com certeza Deus que ama muito mais também daria. Se você não der, pergunte-se; o que é o amor?
Sendo Deus um espírito transcendental, porque estabeleceria um limite temporal para o perdão? Jesus sempre apelou para a lógica e ainda suscitou este tipo de comparação. Jesus disse;
...mesmo sendo maus vocês fazem coisas boas para seus filhos, imaginem o que Deus faria em sua infinita bondade para todos seus filhos.
            Os céticos contestam a reencarnação dizendo que a população da Terra tem aumentado. Se houvesse a reencarnação o planeta deveria ter sempre o mesmo número de habitantes. Mas não consideram a pluralidade dos mundos. Não é só a Terra que é habitada e os espíritos migram nos diferentes mundos.
Independentemente de reflexões sobre a  reencarnação, o acesso que temos ao plano espiritual, torna possível conhecermos verdadeiramente os processos existenciais aos quais estamos submetidos. A reencarnação é um deles. É um justo processo para que todas as almas que Deus criou, algum dia, possam gozar da felicidade eterna.
            Na madrugada do dia 22 de setembro de 1991, fui atendido, fora do corpo, em um ambiente hospitalar, sobre uma mesa parecida com uma mesa cirúrgica, por algumas pessoas que pareciam ser médicos. Um deles me disse: __Quer ver quem você foi na encarnação anterior? 
            Não tive tempo de responder e ele apontou para a parede da sala, onde surgiu a imagem de uma praça em escombros, e acrescentou:
            __Itália, 1944. Você foi aquele menino.



            Referia-se a um garoto, que víamos atravessando a praça de mãos dadas com uma senhora, provavelmente sua mãe.
            Ouvia vozes gritando "TEDESQUI" ... "TEDESQUI".
            Os processos que ocorrem em outros planos, sempre surpreendem. Intui que de alguma forma, pudesse haver interação com aquela imagem e possivelmente obter mais detalhes. Mentalizei uma aproximação para o interior da imagem, e ela se modificou para um ambiente tridimensional.  Aproximei-me do garoto, que  se  distanciara  um pouco da  mulher  e perguntei:
            __Como é seu nome?
            __Ronny. Respondeu.
            __E seu sobrenome?
            Ele não entendeu a pergunta, talvez por esta ter sido feita em português, então repeti:
            __Dopo nome... Dopo nome...
            __Cardinalli, respondeu, e acrescentou:
            __"Ronny Cardinalli. Morri com quinze anos", agora respondendo em português. Seria Ronny ou Enio, quando acordei lembrava-me de Ronny, mas o nome Enio sobrepunha fortemente, não sei por quê.
          Nos dias seguintes fui acometido por uma profunda melancolia, provavelmente causado pela memória emocional liberada com o sonho.
Mesmo sabendo que nosso processo existencial passa necessariamente por várias vivencias. Nunca me preocupei quem eu havia sido em outras vidas. Mas como conheci uma terapeuta que se dedicava a regressão a vidas passadas, me interessei em me submeter ao processo por algumas sessões. Em uma delas vivenciei o frei franciscano, já mencionado anteriormente, e que vivera na Itália. Tive uma juventude de altos ideais, destruídos pelos preceitos dogmáticos e herméticos da igreja. Tinha acesso a livros e, através deles, a um conhecimento que eu queria propagar, mas era impedido. Como resultado, vivi angustiado e tive, já no fim da vida, um derrame que paralisou o lado esquerdo de meu corpo. Este derrame foi revivido na terapia, ficando paralisado e contorcido por alguns minutos.



Vivenciei, também, um celta no século I. Foi uma vida extremamente feliz, junto à natureza e em uma sociedade semitribal. Em uma das vidas em que vivi, senti que eu era cego, surdo e mudo. Desta não pude resgatar lembranças, apenas sensações.
            Nos próximos artigos estarei abordando, apenas, lembranças que possuam interesse coletivo.