16.5.11

Artigo 23 - Mandamentos; ontem, hoje e sempre

        
          Em outra ocasião por intermédio da regressão a vidas passadas vivenciei um sacerdote Egípcio.  


          Excessivamente austero. Tão austero, que em minha encarnação posterior vivenciei um artista da corte, cômico, bailarino, palhaço, e malabarista. Ao que parece, esta vivência serviu para trabalhar mais o corpo, ser menos mental. Procurei desenhá-lo como comumente faço e, ao invés de retratá-lo, fiz uma caricatura bem humorada daquela vivência.



            Esta experiência despertou-me o interesse sobre a religião egípcia. Estudando seus escritos, encontrei ao contrário do que supunha um povo "monoteísta" na essência, uma profunda religiosidade e as mesmas concepções contemporâneas acerca de Deus.
          Os Egípcios acreditavam em um único Deus, criador de todas as coisas. Um espírito que estava presente em tudo, mas manifestava-se especialmente através do disco Solar.   O símbolo para Deus representava um machado, que era uma peça de oleiro. O conceito de Deus como sendo de um construtor já era expressado pelos Egípcios. Houve época que o Deus criador foi chamado de Aton e também Amon. Para expressar melhor essa colocação, transcrevi alguns textos egípcios que demonstram as mesmas concepções universais e contemporâneas acerca de Deus. 
           
      "Deus é Uno e só, e nenhum outro existe como Ele; Deus é o Único, O que fez todas as coisas."

      "Deus é espírito, espírito oculto, espírito dos espíritos, o espírito divino."

      "Deus é desde o princípio, e tem sido desde o princípio, existe há muito e era quando nada mais tinha ser. Existia quando nada mais existia, e o que existe foi criado por Ele depois que Ele veio a ser. Ele é o pai dos princípios."
 
      "Deus é eterno, Ele é eterno e infinito; e dura para todo o sempre; tem durado por séculos sem conto, e durará por toda a eternidade."

  “Deus é o ser oculto, e homem algum Lhe conheceu a forma. Nenhum homem foi capaz de achar-Lhe o semblante; escondido dos deuses e dos homens. Ele é um mistério para suas criaturas”.

  “Nenhum homem sabe como conhecê-lo. Seu nome permanece oculto; Seu nome é um mistério para Seus filhos. Seus nomes são inumeráveis, múltiplos, e ninguém lhes conhece o número”.

  "Deus é verdade, vive  a verdade e dela se alimenta. Rei da verdade, descansa sobre a verdade. Afeiçoa a verdade, e executa-a através do mundo todo.               

  “Deus é vida, e só através D’ Ele pode o homem viver. Ele da vida ao homem, e sopra o sopro da vida em suas narinas”.

  "Deus é pai e mãe, pai dos pais, mãe das mães. Gera, mas nunca foi gerado; produz, mas nunca foi produzido; Ele Se gerou e Se  produziu. Cria mas nunca foi criado; é o fazedor da própria forma, e o modelador do próprio corpo.
 
  "Deus é existência. Vive em todas as coisas, e vive todas as coisas. Dura sem aumento nem diminuição. Multiplica-se milhões de vezes, e possui multidões de formas e multidões de membros.

  "Deus fez o universo e criou quanto está nele: Ele é o Criador do que está nesse mundo, do que estava, do que está e do que estará. Criador do Mundo, foi Ele Quem o modelou com suas mãos antes de haver qualquer começo; e consolidou-o com o que saiu d'Ele. Criador dos céus e da terra, e do mar, e das águas e das montanhas. Deus estendeu os céus, e fez a terra. O que seu coração concebia acontecia imediatamente, e quando Ele falou Sua palavra aconteceu, e durará para sempre".

  "Deus é o pai dos deuses e o pai do pai de todas as divindades; fez soar a sua voz e as divindades nasceram, e os deuses passaram a existir depois de haver Ele falado com sua boca. Formou o gênero humano e afeiçoou os deuses. É o grande Mestre, o Oleiro primevo que fez sair homens e deuses de Suas mãos, e formou homens e deuses sobre uma mesa de oleiro".             

  "Os céus descansam sobre a Sua cabeça e a terra suporta-lhe os pés; o céu Lhe oculta o espírito, a terra Lhe oculta a forma, e o mundo inferior encerra-Lhe o mistério dentro de si. Seu corpo é como o ar, o céu repousa sobre sua cabeça, e a nova inundação (do Nilo) Lhe contém a forma".
  "Deus é Misericordioso com os que o reverenciam, e ouve o que O invoca. Protege os fracos contra os fortes e escuta o grito do que está agrilhoado; decide entre os poderosos e os fracos. Deus conhece o que O conhece, recompensa o que O serve e protege o que O segue".
Epítetos
              
          Os egípcios cultuavam também outros deuses, mas isso não nos credencia a caracterizá-los como politeístas, devido haver uma diferenciação entre esses deuses menores e o "Deus-Pai-Único e Criador".
          Perde-se no tempo a origem dos deuses menores que não dividiam o poder com "Deus". Eram, sim, seus mensageiros, com poderes limitados, geralmente ligados a elementos da natureza e a animais. O culto a outras entidades operava-se como hoje. Sendo nosso  vocabulário  mais  rico,  podemos,  através  da  variação  dos nomes, estabelecer suas origens, natureza, procedência e graus na hierarquia... Anjos, Querubins, Serafins, Santos, Orixás, Avatares.
         Para os egípcios eram os "Neteru", habitantes do plano espiritual e intermediários entre "Deus" e o homem. Se, em futuro distante, houvesse uma escavação onde fosse encontrada uma igreja e nela imagens de " Santos", poderia ter-se a impressão, que o povo que ali existia era politeísta.
          Houve época em que, como hoje, "Deus" foi contestado, mas ao menos no período em que viveu aquele sacerdote que vivenciei, operava-se uma propagação de seus preceitos.
          Nenhuma sociedade ou nação está livre das forças luciferianas. Sempre onde há desenvolvimento espiritual, lá estão eles para se contraporem a Deus. E o Egito não foi poupado. Também lá houve infiltração das entidades das sombras. Então a espiritualidade tratou de transferir para outros povos, o trabalho de desenvolvimento espiritual no planeta. Esta tarefa, na ocasião, coube ao povo hebreu. No Pentateuco, primeiros cinco livros da Biblia encontramos como se deu essa transferência.
                
            Nesse momento nasceu Moisés que era belo aos olhos de Deus. Por três meses foi nutrido na casa paterna; e depois, tendo sido exposto, recolheu-o a filha do faraó e o criou como seu próprio filho. Assim foi Moisés iniciado em toda a sabedoria dos egípcios, e tornou-se poderoso em suas palavras e obras”.
 (Atos cap. 7 v 20 a 22)

          Precedendo Moisés, temos José filho de Jacó, neto de Isaac, e bisneto do patriarca Abraão. José foi vendido como escravo a mercadores, por seus ciumentos irmãos. Estes o revenderam, aos egípcios. José prosperou depois de interpretar sonhos do Faraó. Nomeado vice-rei, criou um sistema de estoque regulador de cereais, e salvou o povo egípcio da fome. Os irmãos de José redescobriram-no vivo no Egito, e para lá se transferiram depois de serem perdoados pelo irmão. Quinhentos anos depois, o povo hebreu foi escravizado. Coube a Moisés a missão de libertar, educar e transferir o povo hebreu para as férteis terras as margens do rio Jordão.
          Moisés escreveu um código moral para que os hebreus observassem. Esse código não poderia ser diferente daquele que o povo egípcio recebera porque vinham da mesma fonte espiritual. Para demonstrar as semelhanças, fiz um quadro comparativo do código moral egípcio com o código moral hebreu. Os textos egípcios foram extraídos dos "Preceitos de Caquemna" e Preceitos de Pta-hetep", compostos a 3000 a.C; das "Máximas de Quensu-hetep", compostas na XVIII dinastia; e das idéias fundamentais da religião egípcia descritas na "Confissão Negativa" encontradas no "Papiro de Nu" da XVIII dinastia.
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Hebreu
Amarás a teu Deus (Êxodo)
Egípcio
Entrega-te a Deus, e conserva-te diariamente para Deus. (Máximas)
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Hebreu.
Não pronunciarás seu nome em vão.(Êxodo)
Egípcio
Deus enaltece o seu nome. (Máximas)
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Hebreu
Honrarás teu pai e tua mãe. (Êxodo)
Egípcio
Se tua mãe erguer as mãos para Deus, Ele lhe ouvirá as preces. (Máximas)
Deus ama a obediência; e detesta a desobediência. (Preceitos)
Na verdade um bom filho é uma dádiva de Deus. (Preceitos)
Se quiseres ser um homem sábio, fazei que teu filho seja agradável a Deus. (Preceitos)
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Hebreu
Guardarás o Sábado. (Êxodo)

          Este mandamento não tem correspondência devido, ser ele oriundo da Gênese Hebraica que afirma ter sido, o mundo, criado em seis dias, sendo o sétimo, o dia do descanso do Criador.
          A história da criação para os Egípcios era outra, não havendo, portanto razão religiosa para este mandamento.
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Hebreu
Não furtarás. (Êxodo)
Egípcio
Salve Neba (Isto é, Chama) que sais e tornas a entrar, não furtei as coisas que pertencem a Deus. (Papiro de Nu)

Salve Am-Caibitu (Isto é, comedor de sombras) que sais de Queretet (Isto é, a caverna onde nasce o Nilo),  não furtei. (Papiro de Nu)

Hebreu
Não levantarás falso testemunho. (Êxodo)
Egípcio
Salve Set-Quesu (Isto é Esmagador de Ossos) que sais de Suten-henen (Heracleópolis) Não pronunciei falsidade. (Papiro de Nu)

Hebreu
Não Matarás. (Êxodo)
Egípcio
Salve Neha-Hra (Isto é, rosto mal cheiroso), que sais de restau, não matei homem nem mulher. (Papiro de Nu)

Salve  Am-Senef (Isto é, comedor de sangue), que sais da casa do cepo, não matei animais que são propriedade de Deus. (Papiro de Nu)
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Hebreu
Não adulterarás. (Êxodo)
Egípcio
Salve, Maa-Ant-F (Isto é, trazido), que sais da casa do deus Amsu, não me deitei com a esposa de nenhum homem  (Papiro de Nu)




Hebreu
Não cobiçarás as coisas alheias. (Êxodo)
Egípcio
Se tens chão para lavrar, trabalha no campo que Deus te deu; melhor do que encher tua boca com o que pertence aos teus vizinhos e aterrorizar os que tem posses [para que tas de]. (Preceitos)

Salve Meb-Maat (Isto é Senhor de Maat), que sais das duas Maati, não meti o bedelho em negócios para semear a discórdia. (Papiro de Nu)
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          O código moral egípcio era mais extenso que o de Moisés, abordava sutilezas do comportamento humano que faltou ao Hebreu. Não chega a ser um demérito para o povo hebreu visto que estava se operacionalizando uma transferência. Com este recomeço muito se perdeu em detrimento daquele novo povo ser ainda muito rude.
          Analisando os textos egípcios fiz outro quadro; com os demais códigos morais e com outros possíveis "Mandamentos", palavra que considero muito forte mas ainda a mantenho apenas com uma conotação diferente, a de um comportamento consciente a ser assumido para se estar alinhado ao plano Divino em contrapartida a uma atitude que deve-se obedecer para fugir ao castigo de Deus. Portanto substitui a forma "imperativa" pela "impessoal".  Esses mandamentos estou chamando de Mandamentos perdidos.
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Egípcio
Não incutirás medo em homem nem em mulher, pois Deus se opõe a isso; e se algum homem disser que viverá por esse meio, Ele o fará carecer de pão. (Preceitos)

Salve, Her-Seru, que sais de Nehatu. Não incuti medo em homem nenhum. (Papiro de Nu)   

Mandamento perdido
Não amedrontar.

          Este foi um dos grandes mandamentos que se perdeu. Hoje como ao longo dos séculos as relações humanas tem sido baseadas na atemorização mútua. O patrão atemoriza seus empregados incutindo neles o medo do desemprego. Os empregados atemorizam seus patrões ameaçando fazer greves e boicotes na produção. Os governantes atemorizam o povo ameaçando com a prisão caso não correspondam as suas expectativas, transformadas em leis torpes. O povo atemoriza os governantes ameaçando revoluções e fazendo terrorismo. Nações atemorizam-se entre si ameaçando guerras. As Igrejas atemorizam os fiéis com o fogo do inferno. Os fiéis atemorizam as igrejas não contribuindo com o dízimo ou abandonando-as. As instituições financeiras atemorizam o devedor com o corte do crédito. O pai atemoriza o filho ameaçando surras. O filho atemoriza o pai ameaçando fugir de casa. O marido atemoriza a mulher ameaçando abandoná-la. A esposa atemoriza o marido ameaçando abandoná-lo. Enfim vivemos em um mundo onde o equilíbrio é baseado no "Medo". Medo do comunismo, medo do capitalismo, medo do anarquismo, medo do trabalho, medo dos governantes, medo do povo, medo dos pobres, medo dos ricos, medo dos judeus, medo dos cristãos, medo dos muçulmanos, medo dos budistas, medo dos católicos, medo dos evangélicos, medo dos espíritas, medo dos ateus, medo dos sãos, medo dos loucos, medo dos sábios, medo dos brancos, medo dos negros, medo dos bandidos, medo da polícia, medo da doença, medo do diagnóstico, medo dos doentes, medo dos médicos, medo do vizinho, medo do desconhecido, medo do conhecido, medo do passado, medo do presente, medo do futuro, medo da vida, medo da morte, medo de si mesmo.
          Os egípcios sabiamente procuravam respeitar este código moral que não herdamos. Acredito que, sem estes temores, a humanidade experimentaria outra realidade. Ficando livre para "Ousar" e "Criar" enfim “Viver".  



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Egípcio
Salve Fenti (Isto é, Nariz) que sais de Quemenu (hermopolis), não pratiquei violência contra homem algum. (Papiro de Nu)

Salve An-Hetep-f (Isto é, o que traz sua oferenda), que sais de Sau, não agi com violência. (Papiro de Nu)

Mandamento perdido
Não violentar.

          A violência é todo ato praticado, que desrespeita a manifestação existencial do semelhante, quer física ou psíquica. Na luta pela expressão existencial, e movidos pela excessiva influência do "ego", os indivíduos procuram impor suas concepções de realidade baseadas em suas próprias experiências, sem fazer uma autocrítica sobre as premissas sob as quais estas estão formalizadas.
          Cada um de nós tem uma formação, uma cultura, uma interação com a vida. Não existe nenhum ser igual ao outro. Cada qual tem sua experiência e está em um estágio evolutivo peculiar. A compreensão mútua, através do reconhecimento desta diversidade elimina a violência que se contrapõe ao plano Divino.
          Jesus Cristo nos orientou a verificar a trave que existe em nossos olhos, ao invés de nos preocupar com o cisco no olho de nosso semelhante, demonstrando que o trabalho de construção é sobre nós mesmos, e o caminho é o do auto-conhecimento. Direção oposta a aquela que nos coloca como juiz e executor de nosso semelhante quando este não está de acordo com nossos parâmetros.
          Os egípcios demonstraram que a noção da não-violência leva o indivíduo a reconhecer seus limites de expressão existência, o que conduz a uma convivência harmônica.
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Egípcio
Salve Usec-Nemtet (Isto é, longo de passos), que sais de Anu (Heliópolis), Não obrei iniqüidade. (Papiro de Nu)

Salve Maata-f-em-sexet (Isto é, olhos ferozes), que sais de sequem (Letópolis), não obrei com dolo. (Papiro de Nu)

Salve Neb-abui (Isto é, Senhor de Chifres), Que sais de Suti, Não pratiquei fraude, [E não] fui mero espectador do mal. (Papiro de Nu)
                         
Salve Querti (Isto é, duplo manancial do Nilo), que sais do mundo inferior, não agi com falsidade. (Papiro de Nu)
     
Salve, Neheb-cau, Que sais da tua caverna, não aumentei minha riqueza senão por meio das coisas que são propriedade minha. (Papiro de Nu)

Mandamento Perdido
Não fraudar

          As razões que levam os indivíduos a cometerem fraudes são fundamentadas na conquista da riqueza, vaidade e poder. Três situações que caminham lado a lado. A desonestidade opõe-se a obra Divina.
          Demonstra-se nestas confissões, a preocupação que os egípcios tinham de encontrar prosperidade através de atitudes lícitas e éticas, adotando posturas  legítimas e justas levando-se em conta os direitos de seus semelhantes.
          Hoje, muitos dos que não roubam, não furtam, não assaltam, vêem na fraude, um meio de atingir aos mesmos fins. Ora, o plano Divino não condena o roubo, o furto, o assalto, pelo "meio", mas pelo "fim". A fraude, por ter a mesma finalidade que estas anteriores, traz consigo peso idêntico. 
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Egípcio
Salve Hept-sexet (Isto é, abraçado pela chama), que sais de Quer-Aba, Não Roubei com violência. (Papiro de Nu)

Salve Quemi (Isto é, Demolidor), que sais de Xetait (Isto é, o lugar oculto), Não me apossei de bens a força. (Papiro de Nu)

Salve Hra-F-Ha-F (Isto é, aquele cujo rosto está atrás de si), Que sais da caverna e das profundezas do oceano, não me apossei de comida a força. (Papiro de Nu)
              
Mandamento perdido
Não assaltar.

          A primeira vista os escritos egípcios podem levar a crer que não havendo a força física nos roubos praticados, estes seriam aceitos e permitidos. Mas o que ocorre em verdade,  é a diferenciação entre apossar-se de um bem a força ou não, sendo que em qualquer das duas formas o plano Divino se contrapõe. Detectamos neste preceito especialmente, a sutileza do código moral egípcio. Ele estabelecia a distinção entre um roubo com e sem violência, uma postura complexa, tendo em vista sua antiguidade.
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Egípcio
Salve Nequem (Isto é infante), que sais do lago de Hecat, não fiz ninguém chorar. (Papiro de Nu)

Mandamento perdido
Não Magoar

          O respeito ao equilíbrio mental de nosso semelhante conduz a uma vida de harmonia. A impaciência, a intolerância, o orgulho e o egoísmo, levam as pessoas a agredirem-se, tirando da vida seu encanto e aumentando as angústias e levando a depressão. O escrito egípcio demonstra na preocupação de "não magoar" uma postura sensível que hoje em dia está tornando-se é raridade.     
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Egípcio
Salve Qenemti, Que sais de Quenemet, não proferi blasfêmias. (Papiro de Nu)

Salve Uatch-Nesert (Isto é, vigoroso de chama), que sais de Het-Ca-Pta (Menfis), Não pronunciei palavras torpes [ou más]. (Papiro de Nu)

Mandamento Perdido
Não ofender

          Quantas injustiças são praticadas sob uma ofensa? Nós não nos damos conta disto, visto que hoje em dia é extremamente comum ofender um semelhante, utilizando ou não palavrões, sobretudo quando se está protegido, dentro de um carro, sob a guarda de um contrato e até amparado em leis. A ofensa é um julgamento e sentenciamento sumário do semelhante, restringindo sua expressão existencial a uma única e demérita condição. Ao praticar tal ato, o indivíduo falta com o amor, compreensão, justiça e misericórdia para com seu semelhante.
          Cristo nos orientou para não julgarmos, porque assim procedendo estaremos estabelecendo critérios recíprocos. A ofensa é um critério sumário. Ao agirmos sumariamente, estaremos inconscientemente submetendo nossas existências ao julgamento de Deus da mesma forma. Como poderemos exigir direitos, se não os damos a nosso semelhante? E com ofensas nem ao menos lhe damos a chance de justificar seus atos.
          Atualmente, os palavrões estão na boca de muitas pessoas. Existem aquelas que em cinco palavras uma é de baixo calão. Esse hábito tem contaminado também os meios de comunicação. Mesmo que a pessoa não esteja ofendendo diretamente alguém e está, apenas se expressando por meio de um palavrão, a energia de baixa magnitude se espalha ao seu derredor, que é mais sensível percebe. Ao agir assim, também afastamos nossos mentores espirituais, e atraindo espíritos das sombras.       

Egípcio
Salve Tcheser-Tep, que sais do teu santuário, não proferi maldições contra o que pertence a Deus e está comigo. (Papiro de Nu)

Salve Ahi, que sais de Nu, não proferi maldição contra Deus. (Papiro de Nu)

Salve, Nefer-Tem, que sais de Pta-Het-Ca (Menfis), nunca proferi maldições contra o rei. (Papiro de Nu)

Mandamento perdido
Não amaldiçoar

          Quando amaldiçoamos algo ou alguém, estamos, invariavelmente, denegrindo uma criação de Deus. Não temos o direito de julgar a obra de Deus.
          Se algo ou alguém não nos agrada, antes de disparar maldições, é melhor que procuremos as raízes de nossa insatisfação, é bem provável que elas residam na criação de expectativas, que o outro não tem obrigação de possuir. Portanto antes de proferirmos maldições, é melhor analisarmos se nossas expectativas não estão além da realidade.

Egípcio
Salve Ta-Ret (Isto é, Pe-Selvagem), que sais da escuridão, não comi meu coração (Isto é, não perdi a paciência nem me zanguei). (Papiro de Nu)

Salve Anti, que sais de Anu (Heliópolis), não dei vazão a cólera sem motivo justo. (Papiro de Nu)

Salve Ser-Queru (Isto é, Árbitro da fala), que sais de Unsi, não apressei meu coração. (Papiro de Nu)

Salve Ari-Em-Ab-F, que sais de Tebti, não exaltei minha fala. (Papiro de Nu)

Salve Uatch-Requit, que sais do seu santuário (?), não me conduzi com insolência. (Papiro de Nu)

Salve Neb-Sequem, que sais do lago de Caui, não deixei que minha fala se queimasse em ira. (Papiro de Nu)

Salve Tenemi (Isto é, o que recua) que sais de Bast (Isto é Bubaste), não pus minha boca em movimento contra homem nenhum. (Papiro de Nu)

Mandamento perdido
Não colerizar

          Atualmente as discussões passionais têm norteado o relacionamento humano, mesmo daqueles que dizem se amar, entre pais e filhos, casais e irmãos. Observando este código egípcio, poderíamos ter um melhor relacionamento entre as pessoas e a humanidade seria mais calma e tranqüila.

Egípcio
Salve Uamenti, que sais da casa da matança, não me polui. (Papiro de Nu)

Salve  Tututef, que sais do momo de Ati, não pratiquei fornicação nem sodomia. (Papiro de Nu)

Mandamento perdido
Não degradar

          O corpo humano é o templo do espírito. Sem ele, ou com sua deficiência, ficarão dificultadas nossa tarefas de elevação do espirito. O corpo físico possui instintos que devem ser controlados através da busca do equilíbrio entre o corpo e a mente. A natureza humana comporta os mecanismos de equilíbrio e devemos recorrer a eles para harmonizarmos nossas vidas. A degradação do corpo leva a degradação do espírito, que a ele está circunscrito. Manter a saúde e o respeito pelo corpo físico, e possibilitar ao espírito melhores condições de expressão existencial.
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Egípcio
Salve Tem-Sep, que vens de tatu, não polui a água corrente. (Papiro de Nu)

Mandamento perdido
          Não poluir
          Com este código moral, os egípcios demonstravam ter a noção da importância das águas correntes para a manutenção da vida. Os rios são como veias de um corpo com a função de manter o fluxo vital; sem este fluxo o corpo morre. A humanidade esqueceu-se disto e poluiu as águas. Sofre agora com o desequilíbrio causado pela poluição.      
          Depois da revolução industrial, surgiram outras formas de poluição, do ar, dos mares, da própria terra, creio então que este mandamento pode ser estendido.
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Egípcio
Salve Hetch-Abehu (Isto é, dentes brilhantes), que sais de ta-xe (Isto é, Faium) não invadi [as terras de ninguém]. (Papiro de Nu)

Mandamento perdido
          Não invadir
          Em uma sociedade agro-pastoril, o respeito aos direitos alheios, começava pelo respeito à terra e seus ocupantes. Na sociedade de hoje o respeito aos direitos alheios estendem-se, não só aos espaços físicos mas também aos espaços intelectuais.
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Egípcio
Salve Am-besec (Isto é, comedor de entranhas), que sais de mabet, não devastei terras aradas. (Papiro de Nu)
                            
Mandamento perdido
Não devastar
          Este mandamento leva-nos a respeitar a produção de alimentos. Torna-se comum a substituição de terras apropriadas para o plantio, por outras atividades, causando a carência de alimentos.
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Egípcio
Salve Neheb-Nefert, que sais do seu templo, não estabeleci distinções. (Papiro de Nu)
Mandamento perdido
Não segregar
          Este código moral revela que havia entre os egípcios a noção da não distinção entre os semelhantes, fosse pela raça, religião, nacionalidade, comportamento ou mesmo por grau de amizade ou parentesco. Ao estabelecer estas distinções tornamo-nos juízes e algozes da humanidade. Somente na profunda ignorância, encontramos bases para tal procedimento.

Egípcio
Se, tendo sido sem nenhuma importância, tu te tornaste grande; se, tendo sido pobre, tu te tornaste rico; e se te tornaste governador da cidade, não sejas duro de coração em virtude do teu progresso, porque te tornaste tão só guardião das coisas que Deus proporcionou. (Preceitos)

Satisfazes aos que dependem de ti até onde fores capaz de fazê-lo; isso deve ser feito por aqueles a quem Deus favoreceu. (Preceitos)
  
Mandamento perdido
Ser providente com o próximo

          O primeiro dom que recebemos nesta existência, é o dom da vida. No decorrer de nossas existências, continuamos a receber. Este é o plano Divino, e para estarmos em acordo com este plano, é nosso dever manter este fluxo, sendo também promotores da vida. Tudo aquilo que recebemos, não é somente para nós mesmos, mas para estarmos capacitados a, na medida daquilo que recebemos participar da obra da criação providenciando que o que se recebe seja estendido a todos. A miséria, a fome, e morte prematura existente no mundo, não são causadas pela vontade de Deus, mas pela interrupção do fluxo de vida promovida pelo ser humano.
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          O código moral egípcio, em todo o seu contexto, visava amar a Deus, e promover a harmonia entre os homens. Este código moral - como já mencionei não tinha o peso atribuído pela cultura Hebraica, incluindo castigos vindos de Deus a quem não os observasse. Para os egípcios "Deus" era fonte de vida, e a observância deste código moral levava a sua plenitude, sem os temores do "castigo divino" dos Hebreus. Como atestam os epítetos, Deus, é eterna fonte de amor, justiça e misericórdia.
          Para completar esta experiência quanto aos códigos morais; Egípcio e Hebreu, vou relatar uma outra experiência que tive, através de um sonho:

          “Uma mentor aproximou-se e disse:
           ___Os mandamentos (Hebreu) não deveriam ser dez, mas treze, faltaram três, são eles:

11º. Não ser causa ou motivo de desejos.

12º. Manter a equidade.

13º. Promover a justiça.
                                  
          Podemos estar observando os Dez Mandamentos e, por outro lado, causando desejos em outras pessoas, como por exemplo: ostentando bens, como carros, roupas, mansões caríssimas diante de uma sociedade profundamente carente. Coloquemo-nos na situação de uma pessoa que observa, na TV, diariamente um desfile de luxo e fartura. Desencadeia-se aí uma grande tentação, os fortes suportam, os fracos procuram obtê-las por meios ilícitos. A violência aumenta com tristes desfechos.  O décimo mandamento­ - “Não cobiçarás as coisas alheiras” -  contempla apenas a atitude dos observadores desta ostentação mas não contempla a atitude dos proprietários destes bens, ou dos meios de comunicação que promovem uma sociedade de alto consumismo dentro de um quadro de carência da maioria da população. O mandamento “Não ser causa ou motivo de desejos” vem preencher esta lacuna em nossa conduta moral.
          Diariamente vejo adoradores de Deus, despreocupados com as desigualdades sociais. Fala-se muito em Deus, e pouco no homem. A miséria toma contornos nunca antes visto. As nações criaram sistemas políticos e sociais baseadas nas ciências econômicas, onde os seres humanos foram substituídos por números e igualados a outros dados que compõe as análises dos detentores do poder temporal. Não somente estes, mas todos nós que não observarmos o mandamento: “Manter a eqüidade”, estaremos obrando contra Deus. Porque Ele quer que todos seus filhos desfrutem igualmente de sua criação, por isso nos colocou na terra em condições de igualdade que deve ser mantida. Se há desigualdades é porque nós seres humanos somos os causadores dela ou por ação ou por omissão.
          Todos os seres humanos possuem direitos promulgados por diversas formas e diversas leis, mas no que diz respeito a prática, os responsáveis pela sua aplicação se omitem. Para servir a Deus, não se pode servir às riquezas, mas ocorre que cada vez mais os governantes colocam em primeiro lugar o interesse financeiro e não o Divino. “Promover a justiça” é o cerne da vontade de Deus que tem, na preservação dos direitos de seus filhos, sua existência respeitada.
          A sociedade de consumo é um desvio da humanidade e a está destruindo. As pessoas não têm valor pelo que são, mas pelo que possuem. São catalogadas demeritamente como "Consumidores", igualados aos porcos num chiqueiro. Se não possuem dinheiro morrem de fome e frio. São impiedosamente despejados de suas casas. Sua credibilidade é retirada, e sem perdão, são despojados de sua dignidade.
          A desigualdade não só é tolerada, mas justificada por filosofias e ideologias vãs. Desigualdade que é o cerne dos principais conflitos mundiais.
          Sem justiça não há harmonia ou paz.
          Com efeito, são três fundamentais preceitos, que observados, podem fazer com que a humanidade encontre seu caminho, consoante com os planos de Deus.              
          Com o advento de Jesus Cristo, porém, os códigos morais existentes foram redimensionados, estando todos incluídos neste preceito:
   
     "AMARÁS A DEUS COM TODA TUA FORÇA, COM TODA TUA MENTE, COM TODO TEU CORAÇÃO E AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO.”

          Neste mandamento, estão contidos todos o outros, porque quem ama a Deus e ao próximo, observa a prática dos códigos morais Egípcio e Hebreu. No entanto diante do baixo nível moral da humanidade creio ser recomendável observar também de forma isolada estes códigos morais.
          A lembrança da vivência do sacerdote egípcio fez-me ver que lá já havia sido iniciado o trabalho de elevação da consciência contemporaneamente formalizada. Concluo, portanto que ainda temos muito a aprender com o legado egípcio, sendo nossa cultura religiosa ocidental, de fato, Egípcia-Hebraica-Cristã.
          Para finalizar este capitulo, fiz um quadro com os mandamentos, egípcio, hebreu e os três que me foram passados por um mentor espiritual.
HEBREU e EGÍPCIO (exceto o 4º que é só Hebreu)
1.           Amar a Deus sobre todas as coisas
2.           Não pronunciar seu nome em vão
3.           Honrar pai e mãe
4.           Guardar o Sábado
5.           Não furtar
6.           Não mentir
7.           Não matar
8.           Não adulterar
9.           Não desejar a mulher do próximo
10.        Não cobiçar as coisas alheias

OS QUE FALTARAM (mensagem através de desdobramento)
11.        Não ser causa ou motivo de desejos
12.        Promover a equidade
13.        Manter a justiça

EGÍPCIOS
14.        Não amedrontar
15.        Não violentar
16.        Não fraudar
17.        Não assaltar
18.        Não magoar
19.        Não ofender
20.        Não amaldiçoar
21.        Não colerizar
22.        Não degradar
23.        Não poluir
24.        Não invadir
25.        Não devastar
26.        Não segregar
27.        Ser providente com o próximo

Epílogo
        As experiências pelas quais passei, para mim,  dirimiram as principais duvidas que temos com relação a nossa existência ou seja: Quem somos, de onde viemos e para onde vamos. Mas não é um conhecimento que se encerra, ao contrário é o inicio de uma série de descobertas dentro da relação corpo/espírito. As realidades que se apresentaram, e ainda se apresentam, são tão plurais que nos posiciona como estudantes de um interminável ciclo de aprendizado. Não existem fronteiras, e a cada descoberta somos remetidos a níveis, cada vez mais profundos. 
         O pensamento contemporâneo, por desconhecer muitas leis universais pode, em um primeiro momento, negar muitos destes eventos, mas sabemos que os conceitos nascidos da alma humana, sempre determinaram os caminhos da pesquisa.
        A humanidade atravessou os milênios acreditando que a Terra era plana e centro do Universo, mas havia aqueles que acreditavam no contrário. Quando a ciência desenvolveu meios de comprovar o verdadeiro formato da Terra, o fez, e registrou a verdade.
        No futuro, muitos eventos que hoje são considerados, “excepcionais”, serão motivo de tratados científicos. Mas se hoje sabemos que nosso planeta é redondo, é porque muitas vozes clamaram por esta constatação.
        Ao acreditarmos em nossas determinações interiores, percebemos que já atingimos um estágio de consciência que nos permite a acreditar que a Terra é apenas um dos bilhões de planetas deste imenso Universo habitado, tanto no plano tangível, quanto no intangível.
        Apesar das inúmeras comunicações estabelecidas entre os vários planos existenciais, densos e sutis, ainda há muita contestação. Mas na medida em que essa comunicação se expande à todas as pessoas, os mistérios e as resistências vão desaparecendo.
        A Ciência, atualmente, só procura vida, e vida inteligente, onde haja corpos constituídos de átomos de carbono. Um dos maiores físicos deste século XX, o inglês Stephen W. Hawking considera que possa haver vida em outros planetas a partir de outra composição. Poderíamos perguntar também; Deus, ao habitar o Universo, teria escolhido apenas uma composição para moldar os corpos nos quais Ele e seus filhos habitariam? Se Deus distinguiu continente e etnias na Terra, porque não no Universo? E ainda outra; haveria alguma razão para Deus impedir que espíritos se comunicassem entre si, independente do corpo? Será que Deus esperaria que a ciência de cada planeta se desenvolvesse, construísse naves, equipamentos de comunicação e a partir daí viabilizasse o contato com civilizações de diferentes planos ou dimensões?
            Acredito que Deus na sua infinita bondade permitiu desde o principio este tipo de comunicação, até como forma de justiça, para que os mais humildes, que jamais teriam, ou terão acesso às tecnologias de comunicação ou de transporte, possam desfrutar da realidade maior, ou “seu reino”. O corpo é a habitação do espírito, não sua prisão. O Espírito é livre, e esta liberdade permite as viagens espirituais e a comunicação psíquica dentre outros benefícios Divinos.
        O que nasce do espírito humano não deve ser desprezado. É o canal que Deus manteve aberto desde o principio.
       Nos livros sagrados, os sonhos e as visões são sempre citados como forma de comunicação do plano espiritual, foi assim com José filho de Jacó, o profeta Daniel, João evangelista, José pai de Jesus, os três magos entre outros.
        Muitos dizem que esses fenômenos se encerraram com o advento de Jesus. Porque Jesus terminaria com uma atividade extremamente benéfica para a humanidade. Porque fecharia as portas dos céus para aqueles que desejariam ter afluência a eles, procurando conhecimento, consolo e desenvolvimento espiritual dentro dos parâmetros que Deus nos oferta.
       Deus ao estabelecer esses processos, o faz para revelar seu reino; plural, rico, vasto e harmonioso e manter seus filhos unidos. A Bíblia diz:

      “Não havendo profecia o povo fica dissoluto”

       O profeta Joel e também o apostolo Pedro disseram que no “final dos tempos” todos nós profetizaríamos e que essa habilidade estaria sendo estendida a toda a humanidade.
       A palavra “profeta” não significa “prever o futuro” e sim estar em contato com o plano espiritual e trazer informações da espiritualidade, ou seja, mediunidade.
       E a mediunidade está cada vez mais sendo estendida porque é necessário, não só por livros, mas por nós mesmos, atestar a maravilhosa obra da criação.