7.5.11

Artigo 21 - A pedra filosofal

          Continuei me submetendo à terapia de vidas passadas e descobrindo outras vidas.
Em uma das sessões, vi-me em uma em uma floresta com altas e espessas árvores, colhendo ervas. Senti estar na Europa medieval. Via-me como um quase ancião.



Senti ser um homem que tratava física e espiritualmente dos habitantes daquela localidade.
            Em outra imagem, vi cavaleiros entrando na floresta, queimando casas, inclusive a minha. Fui aprisionado e levado a um calabouço. Mas não por muito tempo. De alguma forma, saí dali e voltei para minha casa, que não mais existia. As pessoas, que antes viviam livres, tornaram-se servos.
            Surgiu, então, a imagem de uma pequena cidade. Havia me transformado em um contador de histórias. Estava entretendo um grupo de crianças quando comecei a levitar. A cidade distanciava-se sob meus pés. Estava agora em uma câmara. Seres de estranha aparência me banharam e me deram uma túnica branca com uma faixa vermelha que se alongava da gola aos pés. Percebi que estava em uma nave. Vi uma bonita luz amarelo-dourado, como a luz do entardecer, vindo de outra sala. Dirigi-me até lá e vi uma grande mesa redonda com vários "anciãos" sentados a sua volta. Havia uma cadeira vazia na qual me sentei. Todos vestiam túnicas iguais a minha. Nada falavam, apenas sorriam. Senti uma paz maravilhosa. Cerrei os olhos e sorri com eles.


Não identifiquei o motivo da reunião porque não houve nenhuma comunicação codificada, nem por pensamentos. Dentro de minha capacidade de compreensão, arrisco dizer que estávamos "Plenos de nós mesmos" e, assim, trocávamos experiências e conhecimentos em nível muito profundo, no qual não há necessidade de "atividade psíquica consciente". Enquanto isto se operava, sorriamos felizes e plenos.
            Nos dias que se seguiram a esta regressão, mesmo desperto, vieram-me imagens nas quais, enchia cântaros de barro com água de mina, adicionava pétalas de rosas brancas sobre a superfície da água e deixava o cântaro sob a luz do luar em noite de Lua cheia. Esta água era utilizada para limpeza corporal, no tratamento de erupções cutâneas e, em pouca quantidade, para beber.
            Algum tempo depois, li um livro que falava sobre o "Elixir da Juventude" procurado pelos alquimistas. Notei então, que manter a juventude também era uma preocupação em questão. Porém, é importante considerar que os alquimistas e seus predecessores, os druidas, tratavam com sabedoria os assuntos ligados a natureza, adquirindo longevidade pela alimentação regrada e pelo conhecimento das ervas curativas e essências extraídas da natureza. Podemos imaginar algumas gerações se passando e observando a existência de um homem diferente, jovial apesar de ancião, e os mitos se encarregariam de torná-lo imortal. Separar o mito da realidade torna-se difícil já que esses acontecimentos ocorreram em um período da história em que as atividades relacionadas às ciências eram tratadas como provenientes de fontes satânicas e a morte era uma sentença comum.
Nesta experiência verifiquei que os druidas e alquimistas possuíam relações com os planos superiores de existência e com seres ditos "extraterrestres", que poderiam atribuir-lhes poderes, resgatá-los e transmutá-los.
            As referências sobre o episódio da morte e ressurreição de Cristo, através do mesmo corpo, demonstram que a imortalidade e a longevidade são possíveis. Podemos encontrar os caminhos acessando os planos superiores. Devemos, porém, atentar ao fato de que os seres que algum dia chegaram a esta condição tenham preferido, por amor a humanidade, acompanhá-la em seu sistema reencarnatório. Talvez haja alguns incógnitos imortais com alguma missão específica, mas a maioria dos que atingiram a imortalidade devem ter escolhido pela vida tal qual todos conhecemos.
            Alguns dias depois da regressão tive um sonho: estava em um campo com mais quatro pessoas. Procurava-mos uma arca "enterrada há mil anos". Achamos o local e a desenterramos. Nela havia portas laterais, que abrimos. Surpreendi-me ao ver, dentro da arca, uma mulher
            __Como poderia estar viva durante tanto tempo? Perguntei-me.
            A mulher tinha consigo vários objetos, e os colocou em cima de uma pequena mesa fora da arca. Dentre eles havia uma pedra de cristal redonda, de base achatada e transparente. Em seu interior havia duas câmaras, duas bolhas de ar, sem nenhuma passagem entre si. Em uma das câmaras havia uma porção de areia. Uma das pessoas que estava comigo aproximou-se e propôs ­um enigma:
            __"Você está na iminência de se tornar imperador. Para tanto, deverá passar por um teste, em que será avaliada sua capacidade para o exercício do cargo. Fique em frente a pedra, tendo a câmara com areia a sua direita e a vazia a sua esquerda. Sem tocar na pedra ou na mesa, faça com que a areia passe para o outro lado".
            Mentalizei a pedra esforçando-me para realizar um fenômeno físico, que transportasse a areia para a outra câmara. A areia moveu-se em direção ao outro lado, mas foi contida pela parede existente entre as duas câmaras. Parei, refleti por alguns instantes. Eu não podia tocar na pedra ou na mesa, mas nada me foi dito quanto a "mover-me". Foi o que fiz. Contornei a mesa e coloquei-me do outro lado. Agora a areia, que do ponto de vista anterior estava do meu lado direito, encontrava-se do meu lado esquerdo. Havia cumprido o desafio.
            Enquanto a pessoa que me fez a proposta sorria, aprovando, eu disse:
            __A sabedoria necessária para se tornar imperador é ser, ao mesmo tempo, imperador e súdito, pois assim poder-se-á conhecer as reais necessidades do reino. De um lado da pedra eu estava na posição de imperador e do outro, na de servo. 
            A pessoa continuava a sorrir e a aprovar.
            Acordei maravilhado com este sonho e comecei a interpretá-lo imediatamente. A arca seria a depositária de algum conhecimento guardado em algum lugar do meu inconsciente, um conhecimento acumulado em outra vivência à qual a regressão permitiu o acesso. A mulher representava a proteção e o resguardo desse conhecimento por um milênio. É nossa parte feminina, a que "conserva", a parte inteirada com o cosmos, caracterizada pela atividade cerebral direita, que processa nossa comunicação com os planos superiores.
            Quanto ao conteúdo do sonho, ative-me ao enigma proposto que, através da pedra, fez-me transmutar de imperador a servo, tornando-me os dois ao mesmo tempo. Refleti muito e cheguei a conclusão que estivera diante da "Pedra filosofal" ao menos o que eu entendera por "Pedra filosofal" naquela vivência. Notei que, "imperador" ou "servo", eu era a mesma pessoa, apenas com atributos diferentes, ou seja, meus elementos básicos internos eram os mesmos e apenas externamente havia diferenças. Aprofundei-me mais na questão, observando que administraria melhor o reino se soubesse ser servo.
            Ocorreu-me então a palavra de Jesus, por ocasião de uma discussão entre os apóstolos sobre quem seria o maior no reino dos céus:

   __"Os reis das nações as dominam, e os que a tiranizam são chamados benfeitores. Quanto a vós, não deverá ser assim: pelo contrário, o maior dentre vós torne-se como o menor e o que governa como aquele que serve. Pois, qual é o maior? o que está à mesa ou aquele que serve? Não é aquele que esta à mesa. Eu, porém, estou no meio de vós como aquele que serve"!     
                                Lucas cp. 22; 24 a 27

            Jesus, nesse trecho, nos mostra a condição do Pai, que nele estava plenamente para servir. Uma condição de Deus-Pai-Criador inteirada nos seres criados.    
            Este primeiro aspecto observado teve um direcionamento existencial que não poderia deixar de ser religioso, devido a demonstração clara da relação "Criador-Criatura", consubstanciados na mesma "Essência".
            Através dessa premissa passei a entender que a Criação é o ato de transmutação da entidade-Deus através de sua individualização na entidade-ser, sendo este processo pluralizado em muitos seres. Sendo, então, Deus, singular enquanto Ele e plural enquanto nós. Deus, portanto, não é uma consciência externa aos seres por Ele criados, mas o Todo do qual fazemos parte, já demonstrado anteriormente.
            Percebi também que, havendo em nosso plano a manifestação de Deus tal qual esta concepção,  ocorrerá através de uma individualidade, temporal e espacial, seja ela uma luz, uma energia ou um ser de qualquer natureza, de pequena - mas não menos importante - expressão ou plena, como o foi Jesus Cristo.
            Os outros aspectos que me levaram a estudar a "Pedra Filosofal" indicaram sempre um caminho filosófico-existencial, devido a própria denominação da pedra requerer este direcionamento. Tivesse esta pedra a função de transformar metais que possuem os mesmos elementos básicos, como, por exemplo, o chumbo em ouro, os alquimistas dar-lhe-iam outro nome, ligado à matéria e não à filosofia. Mas chamaram-na "Pedra Filosofal", o que reforça a premissa desta pedra nos levar a transmutação de valores essenciais dos seres. Esta visão, então, torna insípida a expectativa de transformar metais de pouco valor em metais valiosos, porque demonstra que a transformação ocorre no valor e não no metal. A natureza, através de suas leis de mutação, encarrega-se de operar as transformações da matéria. No transcorrer dos milênios, surge o ouro, o carvão torna-se diamante, enquanto nós nos adaptamos a este tempo. Nossa experiência é vivenciá-las dentro de nossos limites.
            Na idade média, o não entendimento desta questão favoreceu o crescimento da alquimia pelo seu lado material. Com seu fracasso, a alquimia já pode ser vista através de seu lado essencial e filosófico. Temos, no entanto, no Evangelho, observado a transmutação da matéria. Jesus transformou a água em vinho, transmutou-se em corpo de luz. Hoje em dia assistimos a fenômenos de materialização e transmutação semelhantes, e operados com a intervenção dos planos superiores e sem o emprego da "Pedra Filosofal" ou meios alquímicos. 
            É possível que os alquimistas tenham inicialmente procurado realizar operações de transmutação da matéria, mas encontraram o conceito da "autotransmutação" e nos legaram esta experiência através dos tempos, concebendo ou encontrando esta pedra de cristal - como em meu sonho - capaz de despertar nossa lucidez diante da existência e muito sabiamente denominaram-na "Pedra  Filosofal".